Vamos falar sobre DISLEXIA?

Segundo a definição adotada pela IDA – International Dyslexia Association, em 2002:

“A Dislexia do desenvolvimento é considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas.”

A Dislexia é um transtorno específico de aprendizagem, está registrada no DSM V como um dos especificadores, da categoria “Perturbação da Aprendizagem Específica” e dentro desse grande grupo, temos a Dislexia fonológica: Vinculada a parte auditiva que compõe a palavra, a Dislexia visual: Vinculada a forma como compõe a palavra e a Dislexia mista: Ambos podem aparecer.

No caso da Dislexia, a cognição esta preservada, o transtorno afeta habilidades básicas de leitura e linguagem, ele é visível quando as crianças iniciam o processo de alfabetização, mas é possível identificar alguns comportamentos antes disso, porém o diagnóstico só pode ser validado após a fase da alfabetização. Caso a criança apresente alguns indicadores, é considerado como “risco para dislexia“, e já pode começar o processo de intervenção o quanto antes, mas repetindo, só pode fechar diagnostico após o processo de alfabetização que geralmente aqui no Brasil, ocorre por volta dos 9 anos de idade.

Geralmente as pessoas têm dificuldade para processar os sons das palavras e associá-los com as letras ou seqüência de letras que os representam.

Esse transtorno é de ordem genética, a pessoa já nasce com essa dificuldade, não é devido aos fatores ambientais e ou sociais, inclusive hoje em dia já é possível identificar alterações nas áreas do cérebro responsáveis pela aprendizagem, e visualizar que funcionam de forma diferente em pessoas que não possuem o transtorno.  

Diagnóstico:

Existem alguns critérios de diagnósticos, como sinais que são avaliados conforme cada fase do desenvolvimento e que podem ser avaliados desde o período pré escolar até a idade adulta. È muito importante observar o tempo que se mantém os sinais mesmo com as intervenções direcionadas, se continuam existindo dificuldades na aprendizagem.

Também é de suma importância, avaliar o Histórico familiar, escolar, avaliar possíveis comorbidades ou patologias que justifiquem a dificuldade no aprendizado, por ex, se existe problemas na visão, alguma dificuldade no meio social, na alimentação, problema neurológico, e outros. Por isso é importante uma equipe multidisciplinar para avaliar e descartar as possibilidades de algum problema de saúde ou social que justifique.

A avaliação é muito complexa, envolve uma gama de fatores para serem mensurados e sempre de maneira singular.  É de suma importância recorrer aos profissionais com experiência no assunto, fonoaudiólogo, neurologista, psicólogos, psicopedagogos, para uma avaliação assertiva e cuidadosa.

Consequências:

As consequências da Dislexia mechem muito com o emocional da criança ou adolescente, pois existe a tendência de sofrerem  bullying, por serem alunos que não acompanham o ritmo da turma durante as atividades, podem ser mais lentos para escrever ou para acompanhar a leitura.  Ler em voz alta, pode ser uma tortura, causa muita vergonha e motivo de risos nos colegas.  A falta de compreensão do professor, dificulta ainda mais todo o processo, pois poderá julgar o aluno de preguiçoso, compará-lo de maneira cruel com os demais colegas e tentar enquadrar no mesmo método de ensino.   

Um professor que compreende a Dislexia como um Transtorno de Aprendizagem sendo totalmente diferente de uma dificuldade de aprendizagem, ajuda a entender que a criança ou adolescente pode necessitar de mais tempo para execução dos trabalhos. A avaliação e tarefas podem ser feitas de forma oral, para que o aluno possa explicar a compreensão do assunto enquanto está desenvolvendo áreas como a escrita e leitura.

È muito importante o professor tentar incluir o aluno com dislexia na sala, não separar ou tratar com indiferença. Esse aluno pode sim precisar de um pouco mais atenção, mas deve ser feita de maneira cuidadosa e delicada, para que esse aluno não sinta vergonha, não se sinta  excluído, julgado pelos colegas. 

Em alguns casos, é necessário trabalhar a dificuldade da turma em compreender a dificuldade do colega, é importante o professor  explicar que cada um tem um tempo de aprender e por isso que X pessoa demora um pouco mais, ou que a avaliação é diferente. Pode usar estratégia de citar grandes nomes que também sofreram do mesmo problema, como Albert Einstein, Steve Jobs , Tom Cruise e tantos outros.

*Quanto mais tarde é feito o diagnóstico, mais a criança e ou adolescente sofrerá conseqüência e justamente em uma fase importante para construção da personalidade, da autoestima.

Ao menor sinal de dislexia, busque ajuda o quanto antes.

O que devo fazer? Tem tratamento?

Se você desconfiar que a criança ou adolescente tenha esse tipo de transtorno, é importante buscar ajuda profissional, fazer uma avaliação diagnóstica com um profissional adequado e buscar o tratamento adequado o quanto antes. Os profissionais envolvidos no tratamento são: Fonoaudiólogo, neurologista, psicólogo, psicopedagogo.

É possível que uma mesma pessoa possa ter Dislexia e Discalculia(perturbação do Cálculo) que é um dos especificadores do mesmo transtorno de “Perturbação da Aprendizagem Específica”. Também é muito comum, a possibilidade de diagnósticos adicionais, conhecido como (Comorbidade), o TDAH (O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) inclusive a taxa do TDAH aparecer junto com a  Dislexia é muito alta e essa associação de ambos os transtornos está sendo muito estudada. O reconhecimento desta associação no momento da avaliação diagnóstica é ainda mais delicada, mas precisa ser feita visando sempre no planejamento diferencial que será feito pelos profissionais envolvidos.

 E em Adultos?

Quando adulto, é possível ver mais claramente os efeitos das conseqüências em consultório. Paciente chega muito sensível com tudo que passou, cheio de crenças disfuncionais, baixa autoestima, afinal essa dificuldade pode interferir nos sonhos, em ter um bom emprego desejado, entre outros.

Existe tratamento independente da idade, pode ser mais desafiador em adultos, porque o processo neurológico da aprendizagem já ocorreu, mas é possível e muito indicado. Procure um bom psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista e um psicopedagogo e ACREDITE na evolução!

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